O Verbo de Deus e a Unidade das Religiões
Luis Henrique Beust
Julho, 2014
Queria este texto razoavelmente
pequeno, de uma página no máximo. Não foi possível. O tema é, sem dúvida
alguma, o mais misterioso, incrível e impressionante a permear todas as
religiões do mundo: o Verbo de Deus,
também chamado de Logos, Vontade Primaz (de Deus), Sabedoria e Avatar.[1] Pela grandeza do tema, encorajo o leitor a não desistir da leitura por ser algo
extensa.
O
Evangelho segundo São João inicia com as extraordinárias palavras:
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por
intermédio d’Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez. […] E o Verbo se fez
carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a Sua glória,
como a glória do unigênito do Pai. (João
1:1-3;14)
Através destas palavras, somos
apresentados a um Ser misterioso, poderoso, imagem e semelhança de Deus e tão
antigo quanto Ele. Através dessas palavras aprendemos que Jesus não era tão
somente um sábio ou um santo. Entendemos que Ele tampouco era apenas um homem
iluminado com a guia divina, mas sim que Ele
é a própria Guia Divina. Jesus aparece como um Ser sem começo nem fim, o
Alfa e o Ômega,[2]
o responsável pela criação de todas as coisas do universo. Enfim, Jesus é o
Verbo feito carne.
A palavra escolhida por São João
para descrever Jesus em seu Evangelho — Verbo
(de Deus) — é a tradução para o latim (e depois para as demais línguas
ocidentais) de um termo que tinha já uma antiga tradição na filosofia grega. O
Evangelho de João, assim como os demais Evangelhos — de Mateus, Marcos e Lucas
—, foi escrito originalmente em grego, onde o termo “Verbo” aparece como
“Logos” (λόγος).
Em grego Logos
tem uma miríade de significados, mas começou a ser empregado com um termo
técnico na filosofia grega com Heráclito (ca. 535-475 a.C.) para quem
significava um princípio de ordem e
conhecimento. Os filósofos estoicos gregos tinham o Logos como o princípio divino animador que permeia o
universo. Foi neste sentido que o termo foi empregado por São João em seu
Evangelho.
1. Jesus como o Verbo
de Deus
Pois bem... A ideia de Jesus Cristo
como o Logos, o Verbo criador de Deus, poderia ser apenas uma ideia de São
João, em seu amor por exaltar Cristo, não fossem algumas afirmativas
absolutamente surpreendentes, espantosas, feitas pelo próprio Jesus em diversos
momentos. Por exemplo:
Disse-lhes Ele [Jesus]: Vós sois de baixo, Eu sou de cima; vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo [...] (João 8:23)[3]E agora glorifica-Me Tu, ó Pai, junto de Ti mesmo, com aquela glória que Eu tinha contigo antes que o mundo existisse.” (João, 17:5)Porque Eu desci do céu, não para fazer a Minha vontade, mas a vontade d’Aquele que Me enviou. (João, 6:38)
Disseram-Lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, Eu sou. (João 8:57-58)
Como assim: “Eu não sou deste mundo”? Como assim: “antes que Abraão existisse, Eu sou”? Sem a menor sobra de dúvidas, são afirmações que deixariam quaisquer interlocutores abismados. Um homem, aparentemente igual a eles, que diz que vem do céu, e que existia antes que o mundo existisse?!?
Todas estas afirmativas nos oferecem
apenas três alternativas: 1) ou quem as faz é louco, 2) ou quem as faz é
mentiroso, 3) ou quem as pronuncia é realmente Aquele que diz ser. Se
analisamos brevemente cada uma dessas alternativas, fica claro que:
1) um louco pode se deixar crucificar por aquilo que ensina, porque é
louco, mas se estudamos a mensagem e a vida de Jesus, é óbvio que Ele não era
um louco. Um louco é errático, desconectado da realidade, afeto a delírios e
alucinações. Um louco não tem a
coerência, a constância, a racionalidade e a sensatez de Jesus, que ficam todas
evidentes em todos os Seus ditos e todos os Seus atos. Uma leitura ainda que superficial
dos Evangelhos pode, certamente, evidenciar isto. Se os Evangelhos fossem o
registro das palavras e atos de um louco, não teriam influenciado algumas das
mentes mais brilhantes da história durante dois mil anos.
2) um mentiroso inteligente pode emitir palavras e
realizar atos que enganem algumas pessoas, mas jamais se deixará crucificar pelas mentiras que diz, pois o
objetivo do mentiroso é obter vantagens, não sofrer por aquilo que mente.
Portanto, Jesus não pode ter sido um mentiroso. Como disse Abraham Lincoln
(1809-1865),[4]
“Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar
alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo”. Se
Jesus não fosse verdadeiro, Sua mensagem não se perpetuaria por mais de dois
mil anos.
3) a terceira opção é aceitar que Jesus é
Quem Ele diz que é: o Verbo eterno de Deus, a primeira emanação da Divindade, o
Criador de tudo o que existe.
2. Os Profetas como o
Verbo de Deus
Se voltamos os olhos para outros horizontes
e outras épocas vemos, repetidas vezes ao longo da história, surgir esta Voz surpreendente,
assombrosa, antiga, primeva, divina. Uma voz que pronuncia sempre palavras excelsas,
e de uma significação extraordinária; que parece emanar de um Ser poderoso, misterioso
e ancestral.
Esta Voz irremediavelmente
transcendente emana sempre dos Profetas centrais das grandes religiões do
mundo: Krishna (hinduísmo, c. 3.000 a.C.), Moisés (judaísmo, c. 1.450 a.C.),
Zoroastro[5] (zoroastrismo, c. 1.000 a.C.), Buda (budismo, 500 a.C.), Jesus (cristianismo),
Muhammad[6] (islamismo, 627 d.C.), o Báb (babismo, 1844 d.C.) e Bahá’u’lláh (Fé Bahá’í,
1863 d.C.).
Nos escritos sagrados destes
Profetas de outras terras e culturas, encontramos afirmações tão
extraordinárias quanto as de Jesus. Afirmações que parecem emanar de um Ser
sobre-humano, e estar além da própria compreensão humana. Por exemplo, o
Profeta Krishna, no hinduísmo, há cinco mil anos, afirmou:
Toda vez que a ordem morre e a desordem impera, torno a nascer em tempo oportuno — assim o exige a Lei. Para proteger o bem e destruir o mal, encarno no seio da humanidade, ensinando o caminho que leva à autorrealização. Eu sou Quem age, e não sou afetado por minhas ações.
Eu sou a Essência em todas as Existências; Eu, o Imanifesto em todos os Manifestos; Eu, a suprema e imutável Realidade em todos os mundos em incessante mutação; Eu, refúgio e proteção de todas as criaturas. Quem sabe isto encontrou a paz.[7]
Ora, nesta passagem, Krishna,
enquanto na terra, falando aos Seus discípulos, afirma ser eterno e vir à terra toda vez que uma renovação espiritual se faz
necessária. Os textos sagrados hindus[8] também afirmam que por ocasião da morte de Seu corpo, Krishna ascendeu ao céu de onde viera.
Novamente, podemos avaliar as
palavras extraordinárias de Krishna por nosso padrão: 1) se fosse um louco, não
falaria as maravilhas coerentes de que são compostos os textos hindus, 2) se
fosse um mentiroso, não daria a vida por suas palavras, 3) resta-nos crer que
Ele era quem dizia: um Manifestante do Deus todo-poderoso, uma manifestação do
Verbo sempiterno da Divindade.
Buda, 500 anos antes de Cristo, deixou,
da mesma forma, passagens absolutamente impressionantes sobre Sua natureza
supra-humana. Por exemplo, diz Ele:
Não se deve pensar que a compaixão de Buda
se limita a esta vida; não, ela é infinita e eterna, ela existe desde que a
humanidade começou a se desencaminhar devido à ignorância. [...] Diante dos
homens, o Buda Eterno se manifesta nas mais amistosas formas e lhes proporciona
os mais sábios métodos de salvação. [...]
Raramente
um Buda aparece no mundo. Quando isso acontece, Ele atinge a Iluminação,
ministra a Lei (Dharma), rompe as malhas da dúvida, elimina, em sua raiz, os
engodos dos desejos, obstrui a fonte do mal, e completamente livre, caminha à
vontade neste mundo.
Ainda que, em todas as
circunstâncias, Buda se manifeste com Sua pureza, esta manifestação, entretanto, não é Buda, porque Buda não é forma.[9]
Se substituíssemos “Buda” por “Verbo” (experimente!)
teríamos um texto de teologia cristã, não budista!
Novamente, somente temos três alternativas: 1) ou Buda
era louco, ou era 2) mentiroso, ou era 3) o Verbo de Deus que afirmava ser.
Qualquer um que estude a vida de Buda só pode ver nela sanidade, verdade e
sacrifício. Não há como Ele não ser uma verdadeira e perfeita manifestação do
Verbo.
No Islã também temos afirmações igualmente assombrosas,
tanto provenientes de Muhammad quanto do Imame ‘Alí, Seu companheiro e
sucessor. Ambos nos colocam, assim como Jesus, diante de afirmações que nos
impões o tríplice dilema: ou quem as pronuncia é louco, ou mentiroso, ou
Verdadeiro. Disse Muhammad:
Eu sou todos os Profetas.[10]
Eu sou Adão, Noé, Moisés e Jesus.[11]
Eu já era um Profeta quando Adão
ainda estava entre a água e a argila.[12]
A primeira
coisa que Deus criou foi Minha alma.[13]
Da mesma forma, o Imame ‘Alí pronunciou:
Eu sou Adão, Noé, Abraão, Moisés e Jesus,
assumindo formas distintas, conforme Minha vontade. Quem Me viu a Mim, viu a
todos Eles.[14]
Eu sou Aquele que não pode ser
nomeado nem descrito.[15]
Por fora sou um Imame; por dentro,
sou o Invisível, o Incognoscível.[16]
No Islã
o Verbo é também conhecido por “al-Insān al-Kāmil”, que significa o Ser Perfeito, um dos títulos do Profeta Muhammad, e que indica um
Ser ao mesmo tempo humano e divino, como Cristo e os demais Profetas.
Pois bem, estas afirmações de
Muhammad e de ‘Alí nos desafiam novamente, a investigar a realidade de Suas
palavras. E se investigarmos com sinceridade, seremos obrigados a reconhecer
que nem Muhammad nem ‘Alí foram loucos, uma vez que Suas vidas e obras estão
cheias de sanidade, e que não foram mentirosos, pois deram as vidas por Suas
Mensagens. Somente restando a opção de que eram verdadeiros enviados de Deus.
Em
tempos bem mais próximos de nós, no século XIX, outra vez se levanta essa voz
misteriosa e desafiadora. Na Fé Bábí, o Báb (1819-1850) escreveu:
A Substância da qual
Deus Me criou não é a argila de que outros foram moldados. A Mim conferiu Ele
aquilo que os versados na sabedoria do mundo jamais poderão compreender, nem os
fiéis descobrir... Sou um dos pilares que sustentam a Palavra Primaz de Deus.[17]
Aqui
temos, novamente, uma afirmação extraordinária, entre muitas outras do mesmo
Báb. Sua missão profética teve início quando Ele tinha 24 anos de idade, e
terminou com Seu martírio, seis anos depois, por um pelotão de fuzilamento de
750 soldados. O Báb foi reconhecido como uma das mais sóbrias e lúcidas vozes
do século XIX; intelectuais do gabarito de Eça de Queiroz e Érico Veríssimo lhe
prestaram homenagem. Não era louco. Deu a vida por Sua Causa, o que prova que
não era mentiroso. Só podia, portanto, ser Verdadeiro.
E,
finalmente, para termos um amplo espectro destas afirmações extraordinárias e
surpreendentes, vejamos estas palavras de Bahá’u’lláh (1817-1892):
Em Meu Templo,[18] nada se vê senão o Templo
de Deus; em Minha beleza, não se vê senão Sua Beleza; em Meu ser, só é visível
Seu Ser; em Mim mesmo, outro não se manifesta senão Ele Mesmo; em Meu movimento
se vê apenas Seu Movimento; em Minha aquiescência, se vê apenas Sua Aquiescência,
e em Minha pena, apenas Sua Pena, a Poderosa, de todos louvada. Jamais houve em
Minh´alma outra coisa senão a Verdade, e em Mim mesmo nada se viu a não ser
Deus. [19]
Ora,
assim como as misteriosas afirmações de Jesus, causa imensa surpresa que Bahá’u’lláh
diga “Em Meu Templo, nada se vê senão o Templo
de Deus”, e “em Mim mesmo nada se viu a não ser Deus”. Como pode Ele se
identificar com a Presença divina? Suas afirmativas são semelhantes às de Jesus
quando diz “quem viu a mim viu o pai”, que tanto confundiam Seus
contemporâneos.
Ora, Bahá’u’lláh não foi louco. Todos os historiadores e
pesquisadores de Sua Revelação já o atestaram ao longo de 200 anos. Sua obra
escrita, respeitada mesmo por seguidores de outras religiões, equivalem a 15
vezes o volume de toda a Bíblia, Antigo e Novo Testamentos, e 70 vezes o volume
do Alcorão. Seus 40 anos de aprisionamento, exílio, tortura e envenenamento
para transmitir Sua Mensagem atestam nobremente Sua Verdade. Estamos,
novamente, diante do desafio tríplice, e loucura e mentira não são possíveis
nexos explicativos. Só a Verdade é.
Como entender, então, esse desafio, estas palavras
aparentemente isentas de sentido e lógica? É ao que vamos nos próximos itens.
3. O Verbo de Deus
como os Profetas
Estamos, pois, diante de um extraordinário, um imenso
mistério: segunda as religiões do mundo há um Ser — antigo, ancestral, todo-poderoso,
todo-sabedoria, eterno como Deus —, que foi o responsável pela criação de todas
as coisas, e que Se manifesta entre os homens na forma de um ser humano, a fim
de ministrar a Palavra da salvação.
Detalhando um tanto mais este processo de aparecimento do
Verbo na terra, O Báb (1819-1850), em um de Seus escritos sagrados, assim Se
expressou:
Sabe tu que Aquele que é a Primeira
Lembrança, que é a Vontade Primaz de Deus [o Verbo],[20]
pode ser comparado ao Sol. Deus O criou através da potência de Sua grandeza e,
desde o princípio que não tem princípio, O fez manifestar-se em cada Era,
através do irresistível poder de Seu mando e, até o fim que não conhece fim,
Deus continuará a manifestá-Lo, segundo o beneplácito de Seu Propósito
invencível.
No tempo do Primeiro Manifestante, a Vontade
Primaz [o Verbo] apareceu em Adão; no dia de Noé, se tornou conhecida em Noé;
no dia de Abraão, n’Ele; e assim no dia de Moisés, no dia de Jesus, no dia de
Maomé, o Apóstolo de Deus, no dia do Ponto do Bayán, no dia d’Aquele que
Deus haverá de tornar manifesto, e no dia d’Aquele que aparecerá depois
d’Aquele que Deus haverá de tornar manifesto. Daí o significado interior das
palavras pronunciadas pelo Apóstolo de Deus: “Eu sou todos os Profetas”, pois
aquilo que em cada um d’Eles resplandece, tem sido e para sempre continuará a
ser um só e o mesmo sol.[21]
Dessa forma temos, através da explicação de um Profeta
bem mais recente (o Báb viveu no século XIX e o mais próximo antes d’Ele,
Muhammad, no século VII), podemos compreender que o que faz um homem ser um
Profeta na terra é o aparecimento, ou a revelação, do Verbo em Sua alma. A
explicação do Báb também deixa clara outra coisa: que todos os Profetas são o
mesmo e único Verbo de Deus, todos o mesmo e único Sol. E assim como o Sol
aparece a cada dia e estação de forma distinta, da mesma maneira o Verbo
aparece de formas distintas nos diversos Profetas, ou Manifestantes de Deus.
Bahá’u’lláh também enfatiza este processo misterioso e
extraordinário:
E desde que não pode haver
laço de intercurso direto para ligar o Deus Uno e Verdadeiro à Sua criação, nem
pode existir qualquer semelhança entre o transitório e o Eterno, o contingente
e o Absoluto, Ele ordenou que em cada era e dispensação uma Alma pura e
imaculada se manifestasse nos reinos da terra e do céu. A esse Ser sutil, esse
Ser misterioso e etéreo, Ele atribuiu uma natureza dupla: a física, pertencente
no mundo da matéria, e a espiritual, oriunda da substância do próprio Deus.
[...]
Das passagens e alusões supracitadas, torna-se
indubitavelmente claro que nos reinos da terra e do céu há de manifestar-se necessariamente um Ser, uma Essência, que agirá
como Manifestante e Veículo para transmitir a graça da própria Divindade, o
Senhor Soberano de todos. Através dos Ensinamentos deste Sol da Verdade, todo
homem progredirá e desenvolver-se-á até atingir o grau em que possa manifestar
todos as forças potenciais de que seu mais íntimo e verdadeiro ser foi dotado.
É para este próprio fim que, em cada era, e dispensação, os Profetas de Deus e
Seus Eleitos aparecem entre os homens e demonstram tal poder como é oriundo de
Deus, e tal grandeza como somente o Eterno há de revelar.[22]
4. O Verbo como
Porta-Voz de Deus
Estes Profetas, todos Eles, poderiam passar à história
como os mais nobres, os mais sábios, os mais elevados e os mais poderosos de
todos os homens. Afinal, a influência d’Eles sobre o mundo não se deu sobre
alguns milhões de pessoas, mas sobre bilhões;
e a duração de sua influência não se deu em séculos, mas em milênios. Nenhuma outra influência sobre
as massas humanas e a História é tão abrangente e tão duradoura quanto a
exercida pelos Profetas.
Entretanto, Eles enfaticamente recusam ser glorificados
por Seus ensinamentos, Sua sabedoria, Seu poder e Suas vidas. Eles invariavelmente
Se rebaixam e atribuem toda a Luz que emana d’Eles ao Deus uno e verdadeiro,
Aquele Ser Absoluto que Se encontra por detrás de todas as realidades. Segundo os
Profetas o verdadeiro Autor de tudo o que procede d’Eles é Deus. Não desejam
nenhuma honra ou glória. Na verdade, escolhem sofrer opressão e morte no
caminho de Deus.
Vejamos como dois destes Profetas expressam esta verdade.
Jesus diz, com todas as letras:
As palavras que eu vos digo, não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras. ( João 5:19)
E também:
Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço, assim julgo, e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai, que me enviou. ( João 5:30)
E ainda:
Jesus
respondeu e disse-lhes: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me
enviou. Se alguém quiser fazer a
vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se eu falo de
mim mesmo. Quem fala de si mesmo busca a sua própria glória, mas o que
busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele
injustiça. (João 7:16-18)
E de novo:
Quando levantardes o Filho
do Homem, então, conhecereis quem eu sou e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me
ensinou. (João 8:28)
E outra vez:
Porque eu não tenho falado de mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito. (João 12:49-50)
E, novamente:
As palavras que eu vos digo, não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras. (João 14:10)
E, finalmente:
Eu te [a
Deus] glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer.
(João 17:4)
É
sempre impressionante ler estas afirmações dos Profetas, que se despem de toda
a vanglória em relação às maravilhas quer realizaram e ensinaram. Eles se
atribuem uma única glória: a de serem Vigários de Deus, Porta-Vozes do
Incognoscível, do Oculto, do Inescrutável. O caráter da “divindade” atribuída aos
Profetas não é um grau de exaltação, mas é tão somente Sua absoluta humildade
diante de Deus e dos homens. Bahá’u’lláh (1819-1892), o mais recente dos
grandes Profetas historicamente registrados,[23]
assim descreve o grau de divindade dos Profetas:
[...] o grau onde morre-se
para si mesmo e vive-se em Deus. Divindade, sempre que a menciono, indica Minha
total e absoluta abnegação. Essa é a condição na qual não tenho controle sobre
Meu próprio bem ou mal, nem sobre Minha vida, nem sobre Minha ressurreição.[24]
Durante
todo o Seu longo ministério de quarenta anos de Revelação divina, Bahá’u’lláh,
assim como Jesus, sempre afirmou a mesma coisa: todas as espantosas maravilhas
que emanavam d’Ele provinham, na verdade, de Deus. Ele faz questão de Se
revelar um iletrado, sem nunca ter frequentado nenhuma escola:
Isto não provém de Mim, mas
d’Aquele que é Todo-Poderoso e Onisciente. E Ele ordenou que Eu levantasse
Minha voz entre a terra e o céu, e por isso sucedeu-Me o que fez correrem as
lágrimas de todo homem de compreensão. A erudição comum entre os homens, não a
estudei; nem entrei em suas escolas. Pergunta na cidade em que residi, a fim de
teres a certeza de que Eu não sou dos que falam falsidade.[25]
Bahá’u’lláh não apenas afirma que a Revelação da qual é
portador provém de Deus, mas também — assim como Jesus o fez — garante que o
Seu destino está totalmente nas mãos de Deus:
Deus é Minha Testemunha, ó
povo! Eu adormecia em Meu leito, quando eis, a Brisa de Deus soprou sobre Mim,
despertando-Me do sono. Reanimou-Me Seu Espírito vivificador, livrando-se Minha
língua para pronunciar Seu chamado. [...] Pensais, ó povo, que Eu segure em
Minhas mãos o controle da última Vontade e Desígnio de Deus? Longe esteja de
Mim fazer tal pretensão. A isto testifico perante Deus, o Todo-Poderoso, o
Excelso, o Onisciente, a Suma Sabedoria. Tivesse estado em Minhas mãos o
destino final da Fé de Deus, jamais teria Eu consentido, nem por um momento
sequer, em Me manifestar a vós, nem teria permitido que palavra alguma caísse
de Meus lábios. Disso é testemunha, verdadeiramente, o próprio Deus.[26]
Bahá’u’lláh foi exilado e aprisionado por quarenta anos,
sofrendo tortura, privação, envenenamento e incontáveis sofrimentos. Enfrentou
isso tudo para ensinar aos homens não uma mensagem Sua, mas o que Deus Lhe
incumbira transmitir:
Pela justiça de Deus, meu
Bem-Amado! Jamais aspirei à liderança terrena. Meu objetivo único tem sido
transmitir aos homens o que Deus, o Benévolo, o Incomparável, ordenou que eu
lhes desse, a fim de que os desligasse de tudo o que pertence a este mundo e os
fizesse atingir tais alturas como nem os ímpios poderiam conceber, nem os
refratários imaginar.[27]
Jesus disse “Quem me vê a mim vê o Pai.” (João 14:9,11), mas também disse “o Pai é
maior do que eu.” (João 14:28).
Bahá’u’lláh, da mesma forma, apresenta Suas duas condições, a divina e a
humana, quando escreve:
Quando contemplo, ó Meu
Deus, a relação que Me une a Ti, sinto-Me impelido a proclamar a todas as
coisas criadas "em verdade, Eu sou Deus!"; e quando considero Meu próprio ser,
ei-lo! parece-Me mais grosseiro que o barro![28]
5. O Verbo como o
Criador
Bahá’u’lláh oferece uma importantíssima
metáfora para compreendermos esta relação entre Deus, o Verbo e o mundo criado.
Ele nos convida a pensar na relação entre o Sol e a Terra. Toda a vida na Terra,
sabemos, depende do Sol. Não fossem o calor e a luz do Sol, nada haveria sobre
o nosso planeta, nenhuma vida, nenhuma existência. Digamos, então, que a Terra,
em seu amor pelo Sol, decidisse se aproximar dele. O que aconteceria? Sim: toda
a vida na Terra seria absolutamente destruída, implacavelmente aniquilada.
Como pode ser isso? que o Sol seja a
causa da vida na Terra, mas que também seja a causa de sua destruição? A chave
do dilema está em uma palavra, tão somente: incompatibilidade.
O Sol é incompatível com a Terra.
Seu tamanho, seu poder, sua natureza impedem que ele e a Terra possam andar de
mãos dadas, ou ser íntimos companheiros. O Sol não pode ter contato direto com a Terra, por serem incompatíveis. Para que haja algum tipo
de comunicação, para que o Sol possa trazer sua luz e calor à Terra, eles precisam
de um intermediário. Que
intermediário é este? Claro, é o raio
do Sol. O raio do Sol emana do Sol (o Verbo estava com Deus), e o raio do
Sol é o Sol (“e o Verbo era Deus”).
‘Abdu’l-Bahá,[29]
em uma palestra em Paris em 1911, assim falou:
Vede: há um mediador necessário entre o sol e a terra; o
sol não desce à terra, nem a terra sobe ao sol. Este contato é feito pelos
raios do sol que trazem luz e calor.[30]
A
Realidade Divina pode ser comparada com o sol, e o Espírito Santo, com os raios
do sol. Como os raios do sol trazem a luz e o calor do sol à terra, dando vida
a todos os seres criados, assim os Manifestantes (de Deus) trazem do Sol Divino
da Realidade o poder do Espírito Santo para dar luz e vida às almas dos homens.[31]
Assim, podemos dizer que deve
existir um Mediador entre Deus e o Homem, e este não é senão o Espírito Santo, que
põe a terra criada em relação com o "Ser Inconcebível", a Realidade
Divina.[32]
O Espírito Santo é a Luz do Sol da Verdade, trazendo,
por seu infinito poder, vida e iluminação a toda a humanidade, inundando todas
as almas com Resplendor Divino, transmitindo ao mundo inteiro as bênçãos da
Misericórdia de Deus. A terra, sem mediação do calor e da luz dos raios do sol,
nenhum benefício pode receber do sol.[33]
O raio de sol é o Sol, mas é o Sol numa medida que a Terra pode suportar. Assim,
é o raio de sol, ou, na verdade, os raios
de sol, no plural, quem dão vida e beleza ao nosso planeta e às nossas
vidas. Não é o Sol que cria a vida a Terra, mas
sim os raios do Sol. São os raios do Sol que têm a condição de atuar sobre
a Terra e nela fazer aparecer a vida. Eles são o Criador. Por que “Criador” no
singular? Porque se colocarmos dez raios de sol juntos, eles serão um só raio
de sol; e se forem dez milhões de raios de sol associados, eles ainda serão um
só raio de sol.
Através desta metáfora podemos
entender por que é que o Evangelho de João afirma que o Verbo é que é o Criador, não Deus. Deus Pai, todo-poderoso, que
Jesus afirma ser puro espírito[34]
(João 4:24), é
incompatível com a Sua Criação, da mesma forma que o Sol é incompatível com
a vida que ele cria na Terra. Deus está mais além de qualquer característica do
universo criado, dos mundos visíveis e invisíveis que emanam do Seu Verbo. Assim,
o Verbo de Deus é como os raios do Sol. É do Verbo a obra da Criação, conforme
ordenado por Deus (“Todas as coisas foram feitas por intermédio dele [o Verbo],
e sem ele nada do que foi feito se fez.” João 1:3).
Deus é o Arquiteto e o Verbo é o
mestre-de-obras da Criação (Provérbios 8:30).
Por esta razão é que Jesus diz “Quem
me vê a mim vê o Pai.” (João 14:9). É o raio do Sol dizendo: quem me vê a mim, vê
o Sol. É claro que isso é uma verdade. Por outro lado, Jesus também diz
“o Pai é maior do que eu.” (João 14:28). Aqui temos
o raio do Sol dizendo: “O Sol (que me enviou!) é maior do que eu”. Com a
metáfora do Sol que Bahá’u’lláh oferece fica fácil perceber que ambas as
afirmações não são contraditórias, mas verdadeiras e que se reforçam
mutuamente.
Ficam claras, também,
todas as demais afirmativas de Jesus sobre a relação entre Ele e Deus-Pai: “eu estou no Pai e que o
Pai está em mim” (João 14:10;11); é como o raio de Sol dizendo: “crede-me que
o Sol está em mim e eu estou no Sol”, pois o raio do Sol nada mais é que o Sol
que se achega à Terra. Não é outra coisa senão o Sol, e se não fosse o Sol, o
raio tampouco seria.
Esta
metáfora também ajuda a entender algo que tem causado muita confusão de
entendimento ao longo dos milênios: o Filho de Deus, assim como todo Profeta,
manifesta a Deus na terra, mas não é
Deus. Jesus nunca pretendeu ser Deus.
Ele sempre fez questão de afirmar a diferença entre Deus e o Verbo, ou seja, o
próprio Jesus, mostrando que, se por um lado havia uma unidade entre Eles (“Quem me vê a mim vê o Pai.”),[35]
por outro eles não podiam ser confundidos um com o outro (“o Pai é
maior do que eu.”)[36]
Em
várias ocasiões Jesus ressaltou a distinção entre Ele e Deus. Por exemplo,
quando afirma que apenas Deus possui determinados conhecimentos, como o da hora
do Juízo Final:
Mas, daquele Dia e hora, ninguém sabe, nem os
anjos que estão no
céu, nem o Filho, senão o Pai. (Marcos 13:32)[37]
São Paulo afirma aos filipenses:
De sorte
que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de
Deus, não teve por usurpação ser igual a
Deus.[38]
Jesus
nunca afirmou que Ele próprio era Deus, nem que Ele próprio era a fonte das
maravilhas que ensinava e fazia. Pelo contrário, como vimos acima, Ele sempre
fez questão de dizer que tudo o que dizia e fazia era por instrução e permissão
do Pai. O mesmo acontece com todos os Profetas: jamais afirmam que a missão é
d’Eles próprios, mas sim que cumprem uma missão que Lhes foi dada por Deus.
Por
isso, Bahá’u’lláh afirma:
É evidente a todo coração
iluminado e possuidor de discernimento, que Deus, a Essência incognoscível, o
Ser Divino, é imensamente elevado além de todos os atributos humanos, tais como
existência corpórea, ascensão e descida, saída e regresso. [...]
Nenhum laço de
relação direta pode, em absoluto, ligá-Lo às Suas criaturas. Ele Se mantém
elevado além e acima de toda separação e união, toda proximidade e todo
afastamento. Nenhum sinal pode indicar Sua presença ou Sua ausência; já que foi
por uma palavra de Seu mando que todos no céu e na terra vieram a existir.[39]
E
enfatiza o papel da Manifestação de Deus como intermediário necessário entre a
Essência da Divindade e o mundo criado:
A Pessoa do Manifestante[40] tem sido sempre Aquele
que representa Deus e é Seu Porta-Voz. Ele, em verdade, é a Aurora dos mais
excelentes Títulos de Deus e o Alvorecer de Seus excelentes Atributos.[41]
6. O Verbo como Espelho
Outra importante metáfora para se compreender a relação
entre Deus, o Verbo e a Criação é a que cria uma símile entre o Verbo manifesto
no mundo e a luz do Sol refletida em um espelho.
Bahá’u’lláh chama os Profetas
de “Espelhos que refletem a Essência Divina”.[42]
Em várias passagens Ele emprega esta metáfora do Espelho para nos auxiliar a
compreender a condição de manifestação do Verbo. Por exemplo:
Esses Espelhos
santificados, esses Alvoreceres da antiga glória, são todos, sem exceção, os
Expoentes na terra d'Aquele que é o Orbe central do universo, sua Essência e seu
Propósito final. D'Ele recebem o conhecimento e o poder; d'Ele derivam a
soberania. A formosura que lhes adorna o semblante é apenas um reflexo de Sua
imagem, e o que revelam, um sinal de Sua glória imorredoura. [...] Estes
Tabernáculos da Santidade, estes Espelhos Primazes que refletem a luz da glória
perene, são apenas expressões d'Aquele que é o Invisível dos Invisíveis.[43]
Cada um d'Eles é um espelho de Deus que nada reflete,
senão Seu próprio Ser, Sua Beleza, Seu Poder e Sua Glória — se quiserdes
compreender. Todos os demais, além d'Eles, devem ser vistos como espelhos
capazes de refletir a glória desses Manifestantes que são, Eles Próprios, os Espelhos
Primazes do Ser Divino — se não estiverdes destituídos de compreensão. Ninguém
jamais Lhes escapou, nem serão Eles impedidos de realizar Seu desígnio. Esses
Espelhos sucederão um ao outro eternamente, continuando a refletir a luz do
Ancião dos Dias.[44]
Neste entendimento, compreendemos que toda a luz que
emana dos Profetas é, na verdade, um reflexo na terra da luz eterna de Deus.
Eles, como Espelhos perfeitos, são os únicos capazes de refletir na terra a
“imagem” de Deus. Sua condição é de abnegação completa, perfeita, de forma que
nada possuem de Si mesmos, assim como um espelho voltado para o Sol nada possui
senão a luz do Sol que nele brilha.
O seguinte desenho procura apresentar esta ideia de forma
esquemática. Cada Profeta (e não apenas os apresentados no desenho) é como um
espelho que reflete na terra a imagem de Deus, o Sol absoluto, inatingível,
incomensurável, e absolutamente incompatível com qualquer coisa na Criação.
Bahá’u’lláh afirma, inúmeras vezes, a impossibilidade de Deus Se fazer presente na Criação, a não ser através de Seu reflexo no espelho puro dos Profetas. Escreveu Ele:
Sabe tu com certeza que o
Invisível de modo algum, pode encarnar
Sua Essência e revelá-La aos homens. Ele está, e sempre esteve, imensamente
exaltado além de tudo o que se pode relatar ou perceber.[45]
Os próprios Profetas, assim, não podem ser entendidos
como “encarnações” de Deus, mas como “manifestações” de Deus, pois Deus,
infinito e mais excelso, que é puro espírito (João 4:24), é absolutamente incompatível com Sua criação, e não
pode ter com ela qualquer relação. Os Profetas, os Espelhos perfeitos que
refletem Sua luz divina na terra, são os únicos capacitados a manifestar Deus
entre os homens. São como os raios do Sol sobre o nosso planeta, como espelhos
perfeitos refletindo sua luz entre os homens.
É por isso que Jesus disse: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai,
senão por mim.” (João 14:6). Não há caminho ao Sol a não ser através dos seus raios,
e da sua imagem no espelho perfeito do Verbo. Da mesma forma, Bahá’u’lláh
escreveu: “Jamais houve em Minh’alma outra coisa senão a Verdade, e em Mim
mesmo nada se viu a não ser Deus.”[46]
Em uma simples e perfeita explicação
sobre o tema, em primórdios do século XX, ‘Abdu’l-Bahá, filho e sucessor
nomeado por Bahá’u’lláh, falou sobre o tema quando esclarecia também a questão da
trindade:
Deus é pura perfeição, e as criaturas simples imperfeições.
Para Ele, o descer às condições terrenas constituiria a maior das imperfeições;
Sua manifestação, Seu aparecimento, ou
Sua alvorada, é como o reflexo do sol num espelho cristalino, puro e polido.
Todas as criaturas são sinais evidentes de Deus, semelhantes às coisas
terrestres sobre as quais brilham os raios do sol, mas sobre as planícies, as
montanhas, as árvores e os frutos brilha apenas uma parte da luz, pela qual
todas estas coisas se tornam visíveis e se desenvolvem, atingindo assim o
objetivo de sua existência, ao passo que o Homem
Perfeito[47] é semelhante a um espelho puro no qual o Sol da Realidade se reflete plena e
visivelmente, manifestando-se em todas as suas qualidades e perfeições. A
Realidade de Cristo era um espelho límpido e polido, sumamente puro e fino, e
assim o Sol da Realidade, a Essência Divina, refletiu-se nesse espelho, nele
manifestou luz e calor. Não desceu,
porém, de Seu elevado grau de santidade, de Seu sagrado céu, para entrar no
espelho e nele habitar; ao contrário, continua a subsistir em Sua glória e
sublimidade, enquanto se reflete no espelho e nele manifesta Sua beleza e Sua
perfeição.
Se dissermos, pois, que vimos o sol
em dois espelhos, sendo um destes espelhos Cristo, e o outro o Espírito Santo,
isto é, que vimos três sóis, estando um no céu e os outros dois na terra,
diremos a verdade. E se dissermos que há somente um sol, que é único, sem
companheiro ou igual, estaremos ainda dizendo a verdade.
Em
resumo: a Realidade de Cristo foi um espelho puro, e o Sol da Realidade, ou
seja a Essência da Unidade, com Seus infinitos atributos e perfeições,
tornou-se visível no espelho. Não queremos dizer com isso que o sol, a Divina
Essência, se tivesse dividido ou multiplicado, pois o sol é um e único; apenas
se reflete no espelho. Eis porque disse Cristo: “O Pai está no Filho”, isto é:
o sol está visível, manifesto, neste espelho.[48]
Assim, a metáfora do Sol e dos
espelhos nos ajuda a compreender este que é um tema misteriosíssimo: o
aparecimento de Deus nos Espelhos de Seus nomes e atributos. Como um espelho
perfeito colocado de fronte ao Sol, todos os Profetas de Deus refletem na terra
a glória de Deus. Assim, Krishna, Abraão, Moisés, Zoroastro, Buda, Jesus,
Muhammad, o Báb e Bahá’u’lláh — e outros Profetas cujos nomes se perderam na
escuridão dos tempos — não são o próprio Deus, assim como o reflexo no espelho
não é o Sol. Mas são o máximo grau de manifestação de Deus entre os homens e,
por isso, o conhecimento d’Eles é considerado como o conhecimento do próprio
Deus. Bahá’u’lláh escreveu:
Ó Salman! A porta do
conhecimento do Ser Antigo sempre esteve e para sempre permanecerá fechada à
face dos homens. Nenhuma compreensão humana conseguirá jamais acesso à Sua
corte sagrada. Como sinal de Sua mercê, porém, e prova de Sua benevolência,
manifestou Ele aos homens os Sóis de Sua guia divina, os Símbolos de Sua divina
unidade, e ordenou fosse o conhecimento destes Seres sagrados, idêntico, ao
conhecimento de Seu próprio Ser. Quem os reconhecer, terá reconhecido a Deus,
Quem escutar Seu chamado, terá escutado a Voz de Deus, e quem der testemunho da
verdade de Sua Revelação, terá atestado a verdade do próprio Deus. Quem se
afastar deles, terá se afastado de Deus, e quem neles não acreditar, em Deus
não terá acreditado. Cada um deles é o Caminho de Deus que une este mundo aos
domínios do além e é o Estandarte de Sua Verdade para cada um nos reinos da
terra e do céu. São os Manifestantes de Deus entre os homens, as evidências de
Sua Verdade e os sinais de Sua glória.[49]
Epílogo
Voltemos, para
encerrar, aos nossos argumentos nos itens 1 e 2 deste documento, em que
investigávamos as afirmações absolutamente surpreendentes dos Profetas, que
pronunciam palavras desafiadoras, perturbadoras, excêntricas e aparentemente
absurdas, quando dizem que existiam antes do mundo existir, ou que são eternos,
ou que são a imagem de Deus.
Todos os Fundadores
das grandes religiões mundiais reveladas pronunciaram, em Seus textos sagrados,
palavras tão desafiadoras, inusitadas, surpreendentes, misteriosas e impactantes
quanto as de Jesus. Todos Eles, como Cristo, foram seres absolutamente lúcidos,
sensatos e coerentes. Foram, todos Eles, absolutamente lúcidos, coerentes e
verdadeiros. Deram Suas vidas pela mensagem que tinham de entregar à humanidade.
Portanto, sabiam muito bem quem eram.
E, de Suas palavras
sobranceiras, emerge uma constatação irremediável: Eles são todos um só Ser,
um Ser absolutamente extraordinário, transcendente e fundamental na grande
Ordem das coisas: o Verbo de Deus. Como escreveu o Báb, os Profetas
todos são “Aquele que é a
Primeira Lembrança, que é a Vontade Primaz de Deus [o Verbo de Deus]”.[50] E
podem ser considerados um só Ser “pois aquilo que em cada um d’Eles
resplandece, tem sido e para sempre continuará a ser um só e o mesmo sol.” [51]
Bahá’u’lláh fala, em
relação ao Verbo:
A esse Ser sutil, esse Ser misterioso e etéreo, Ele [Deus] atribuiu uma natureza dupla: a física, pertencente no mundo da matéria, e a espiritual, oriunda da substância do próprio Deus. [...][52]
O Verbo, portanto, é
um Ser celestial, transcendente e imanente, necessário, misterioso, sutil,
intermediário entre Deus e a Criação, que Se manifesta aos homens para guiá-los
aos caminhos da justiça, do amor e da salvação (que não é outra coisa senão o
amor incondicional pela humanidade inteira e o serviço ao seu bem-estar). Este
Ser surge ao longo da história humana com diferentes nomes mas com uma única
missão: salvar a humanidade do lodo do materialismo e da ilusão.
Não é de se admirar,
pois, que quando os Manifestantes de Deus falavam com Sua voz eterna, aqueles
ao Seu redor estranhassem grandemente estes pronunciamentos, acusando alguns de
loucos e outros de mistificadores ou impostores. Realmente, é um desafio muito
grande. Quando o leitor ler as citações compiladas abaixo, procure imaginar um
homem, a quem todos conheciam desde a infância, pronunciando as impactantes palavras
que implicam ser Ele eterno como Deus, e criador de todas as coisas. É
um grande desafio acolher esta verdade extraordinária...
Não alcancei meu
propósito de manter este texto curto. Tampouco consegui evidenciar todas as
possíveis investigações sobre o Verbo de Deus. Mas precisamos ficar por aqui na
análise deste grande e magnífico mistério que é o Verbo e Sua operação no
universo e no mundo humano.
Porém, precisa ficar
uma certeza fundamental — para a qual espero que as análises acima e as citações
a seguir deem suficiente testemunho —, qual seja: as impressionantes palavras
de Jesus como o Verbo de Deus não foram ditas só por Ele, mas pelos
Manifestantes de Deus de todas as religiões mundiais reveladas. Todos os
textos sagrados destas religiões incorporam as palavras do Verbo, sem exceção,
como vimos acima e como se vê abaixo.
A seguir, portanto,
vemos algumas citações adicionais das Escrituras Sagradas das diversas religiões
mundiais. Acredito que elas sejam suficientes para demonstrar, a qualquer
pessoa de boa vontade, que as majestosas palavras de São João em relação a
Jesus se aplicam, sem tirar nem pôr, a todo os Manifestantes de Deus, todos
Eles raios do mesmo Sol divino.
Assim é que temos, sucintamente, o
seguinte quadro de mistério e espanto: no mundo físico o único e incomensurável
Sol, que nos ilumina e aquece, tem um intermediário entre ele e a Terra, que
são seus raios. Eles manifestam o Sol na terra, e trazem vida a ela. De maneira
semelhante, no mundo espiritual, entendemos que o único e infinito Deus tem
entre Ele e os homens um intermediário sagrado, o Seu Filho Unigênito, o Verbo,
que traz aos homens, ao longo dos milênios, Sua Lei e Seu amor, manifestando-Se
através dos Profetas.[53]
Se este entendimento se difundisse e
aprofundasse, certamente os seguidores de todas as religiões sentir-se-iam
irremediavelmente irmanados, pois reconheceriam que reverenciam, amam e adoram
um único e mesmo Ser: o Filho Unigênito, que São João escolheu apresentar a nós
como o Verbo de Deus.
Os Profetas Falam como o Verbo
Textos
das Escrituras Sagradas da Humanidade[53]
Hinduísmo (Krishna. Há 5.000
anos, Índia)
“Na minha Divindade, sou sem nascimento nem
morte, eterno e senhor de tudo o que nasce e existe; e, contudo, os meus deuses
nascem, vêm e vão. Ao efêmero reflexo no espelho da Natureza imprimo o sigilo
da minha Divindade, pelo alto milagre do meu Espírito.
“Toda vez que a ordem morre e a desordem
impera, torno a nascer em tempo oportuno
– assim o exige a Lei. Para proteger o bem e destruir o mal, encarno no seio da
humanidade, ensinando o caminho que leva à autorrealização.”
“Eu sou a Essência em todas as Existências;
Eu, o Imanifesto em todos os Manifestos; Eu, a suprema e imutável Realidade em
todos os mundos em incessante mutação; Eu, refúgio e proteção de todas as
criaturas. Quem sabe isto encontrou a paz.”[55]
Judaísmo (Moisés. Há 3.400 anos, Egito-Palestina.)
“E
ele (Arão) falará por ti (Moisés) ao povo; e acontecerá que ele te será por
boca, e tu lhe serás por Deus.”[56] (Êxodo, 4:16)
“Então disse o Senhor a Moisés: Eis que
te tenho posto por Deus sobre o Faraó, e Arão, teu irmão, será o teu
profeta.”[57] (Êxodo, 7:1)
“O
Senhor me criou, primícia de suas obras, antes de seus feitos mais antigos.
Desde a eternidade fui estabelecida,[58] desde o princípio, antes da origem da terra. Quando os abismos não existiam, eu
fui gerada, quando não existiam os mananciais das águas.
“Quando firmava os céus, lá eu
estava, quando traçava a abóbada sobre a face do abismo; quando condensava as
nuvens no alto, quando se enchiam as fontes do abismo; quando punha um limite
ao mar: e as águas não ultrapassavam o seu mandamento; quando assentava os
fundamentos da terra.
“Eu estava junto com ele como o mestre-de-obras, eu era o seu
encanto todos os dias, todo o tempo brincava em sua presença: brincava na
superfície da terra, e me alegrava com os homens.
“Agora, pois, filhos, ouvi-me,
porque bem-aventurados serão os que guardarem meus caminhos.” (Provérbios, 8:22-31)
Zoroastrismo (Zoroastro. Há 2.600 anos, Pérsia)
“Aquele que no princípio, através de Sua vontade, preencheu os espaços abençoados com luz, Aquele que por Seu desejo criou a Lei [a Retidão]... Tudo isso fizeste crescer, ó Sapientíssimo, através de Teu Espírito, o qual é uno contigo, ó Senhor!
“Através de minha consciência, ó
Sapientíssimo, eu Te conheci como o primeiro e o último, como o Pai do Verbo, quando aos meus olhos
apareceste como o verdadeiro Criador da Lei, como o Senhor dos atos da
criação.” (Zoroastro. Yasna,
31:7, 8)
Budismo (Buda. Há 2.500
anos, Nepal-Índia)
“Não
se deve pensar que a compaixão de Buda se limita a esta vida; não, ela é
infinita e eterna [...] Diante dos homens, o
Buda Eterno se manifesta nas mais amistosas formas e lhes proporciona os mais
sábios métodos de salvação.
“Buda
se manifestou no mundo com um corpo físico e mostrou aos homens, segundo as
suas naturezas e faculdades, os aspectos do nascimento, da renúncia a este
mundo e da aquisição da Iluminação.
“Ainda
que, em todas as circunstâncias, Buda se manifeste com Sua pureza, esta
manifestação, entretanto, não é Buda, porque
Buda não é forma.
“Raramente
um Buda aparece no mundo. Quando isso acontece, Ele atinge a Iluminação,
ministra a Lei (Dharma), rompe as malhas da dúvida, elimina, em sua raiz, os
engodos dos desejos, obstrui a fonte do mal, e completamente livre, caminha à
vontade neste mundo. Nada há de mais glorioso do que reverenciar Buda.
“Buda
surge neste mundo de sofrimento, porque Ele não pode abandonar os homens que
sofrem; Seu único propósito é disseminar entre eles a Lei (Dharma) e protegê-los
com Sua verdade.”[59] ( Doutrina de Buda,
31, 55-7)
Cristianismo (Jesus Cristo, há 2.000 anos,
Palestina)
“Disse-lhes
ele: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste
mundo...” (João 8:23)
“E agora
glorifica-Me Tu, ó Pai, junto de Ti mesmo, com aquela glória que Eu tinha
contigo antes que o mundo existisse.” (João, 17:5)
“Porque
eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me
enviou.” (João, 6:38)
“Disseram-lhe,
pois, os judeus: ‘Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão?’
Respondeu-lhes Jesus: ‘Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão
existisse, eu sou.’” (João 8:57-58)
Islamismo (Muhammad. Há 1.400 anos, Arábia)
“Eu
[Muhammad] sou Ele [Deus], Ele mesmo, e Ele é Eu, Eu mesmo, exceto que Eu sou o
que sou e Ele é o que é.”
“Levanta-te, ó Muhammad,
pois eis, o Amante [Muhammad] e o Bem-Amado [Deus] se unem, se tornam um só em
Ti.”
“Não há distinção nenhuma entre Ti [Deus] e Eles [os
Profetas] exceto que Eles são Teus Servos.”[60]
“Eu
[Muhammad] sou todos os Profetas.”
“Eu
[Muhammad] sou o primeiro Adão, Noé, Moisés e Jesus.”[61]
“Variadas
são Nossas[62] relações com Deus. Numa ocasião, somos Ele mesmo, e Ele é Nós mesmos. Em outra,
Ele é o que é, e Nós somos o que somos.”[63]
“Eu e ‘Alí fomos criados como uma só luz, e
glorificávamos a Deus no lado direito do empíreo dois mil anos antes que Deus
formasse Adão.”
“Minha
alma foi o Elemento Primevo.”[64]
“Eu já era um Profeta quando Adão
ainda estava entre a água e a argila.”[65]
Fé Bábí (o Báb. Há 170 anos, Pérsia)
“A Substância da qual Deus Me criou não é a argila de que
outros foram moldados. A Mim conferiu Ele aquilo que os versados na sabedoria
do mundo jamais poderão compreender, nem os fiéis descobrir... Sou um dos
pilares que sustentam a Palavra Primaz de Deus. Quem Me reconheceu, alcançou o
conhecimento de tudo o que é verdadeiro e certo, e atingiu a tudo o que é bom e
próprio; e qualquer um que tenha deixado de Me reconhecer, tem se desviado de
tudo o que é verdadeiro e certo, sucumbindo a tudo o que é mau e impróprio. O Báb. (Seleção dos Escritos do Báb, 19)
“Sabe tu que Aquele que é a Primeira
Lembrança, que é a Vontade Primaz de Deus [o Verbo], pode ser comparado ao sol.
“Deus O criou através da potência de Sua grandeza e, desde o princípio que não
tem princípio, O fez manifestar-se em cada Era, através do irresistível poder de
Seu mando e, até o fim que não conhece fim, Deus continuará a manifestá-Lo,
segundo o beneplácito de Seu Propósito invencível.
“No tempo do Primeiro Manifestante,
a Vontade Primaz apareceu em Adão; no dia de Noé, se tornou conhecida em Noé;
no dia de Abraão, n’Ele; e assim no dia de Moisés, no dia de Jesus, no dia de Muhammad,
o Apóstolo de Deus, no dia do Ponto do Bayán [o Báb], no dia d’Aquele que Deus haverá de tornar manifesto [o
Prometido do Báb], e no dia d’Aquele que aparecerá depois d’Aquele que Deus
haverá de tornar manifesto.
“Daí o significado interior das
palavras pronunciadas pelo Apóstolo de Deus [Muhammad]: “Eu sou todos os
Profetas”, pois aquilo que em cada um d’Eles resplandece, tem sido e para
sempre continuará a ser um só e o mesmo sol.”
(O
Báb. Seleção dos Escritos do Báb,
129-130)
Fé Bahá’í (Bahá’u’lláh. Há 170 anos, Pérsia-Palestina)
“Ó Judeus! Se intentais novamente
crucificar Jesus, o Espírito de Deus, a Mim deveis infligir a morte, pois em Minha pessoa Ele mais uma vez se
manifestou a vós. Tratai-Me do modo que vos aprouver, pois votei oferecer
Minha vida em holocausto no caminho de Deus. [...]
“Seguidores
do Evangelho! Se nutris o desejo de imolar Muhammad, o Apóstolo de Deus, a Mim
deveis prender e à Minha vida pôr término, pois
Eu sou Ele, e Meu Ser é Seu Ser. Fazei a Mim o que quiserdes, pois o mais
profundo desejo de Meu coração é atingir a presença de Meu Mais-Amado em Seu
Reino de Glória. Tal é o Decreto Divino, se disso sabeis.
“Seguidores
de Muhammad! Se for vossa vontade crivar com vossos dardos o peito d'Aquele que
fez descer para vós Seu Livro, o Bayán [o Báb], a Mim deveis prender e
perseguir, pois Eu sou Seu Bem-Amado, a
revelação de Seu próprio Ser, embora Meu nome não seja Seu Nome. Vim à
sombra das nuvens de glória, investido por Deus de uma soberania invencível.
Deveras, Ele é a Verdade, o Conhecedor das coisas invisíveis
“Ó
povo do Bayán [seguidores do Báb]! Se resolvestes derramar o sangue d'Aquele
cuja vinda o Báb proclamou, cujo advento Muhammad predisse e cuja Revelação o
próprio Jesus Cristo anunciou, eis-Me aqui, pronto e indefeso, diante de vós.
Tratai-Me segundo vossos próprios desejos.”
(Bahá’u’lláh.
Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh,
LXVII)
FIM
[1] Outros títulos
são: Palavra de Deus, Espírito Santo,
Primeira Lembrança (de Deus), Mensageiro de Deus, Manifestação de Deus, Alvorecer dos
sinais de Deus, Portador da
Incumbência de Deus.
[2] A primeira e a última letras do alfabeto grego,
simbolizando o Princípio e o Fim.
[3] Todas as ênfases são minhas.
[4] 16º presidente dos EUA, assassinado aos 56 anos.
[5] Assim é Seu nome como nos vem do grego. Alguns o
conhecem melhor pelo nome que nos veio do persa antigo: Zaratustra, isso por causa da obra de Nietzsche “Assim Falou
Zaratustra”, e do poema sinfônico de Richard Strauss, de mesmo nome.
[6] Empregamos a forma Muhammad, ao invés de Maomé, em
deferência aos seguidores do Islã, que preferem aquela forma a esta.
[7] Krishna. Bhaghavad Gita, 4:6-8, 14. Apud. Rohden,
46.
[8] Bhagavata Purana,
Lv. 11, cap. 31.
[9] Buda. A Doutrina de Buda, 31, 55-7.
[10] Apud. Bahá’u’lláh. Seleção
dos Escritos de Bahá’u’lláh, XXII.
[11] Id. Ibid.
[12] Al-Islam.org. Shiite Islam: Orthodoxy or
Heterodoxy? Chapter 7, Note 17: Prophecy and Imāmate: Two Inseparable
Metaphysical Realities. A tradução é minha. Disponível em: https://www.al-islam.org/shiite-islam-orthodoxy-or-heterodoxy-luis-alberto-vittor/chapter-7-prophecy-and-imamate-two. Acesso em
17/10/19.
[13] Id. Ibid.
[14] Id. Ibid. Note
15.
[15] Apud. Bahá’u’lláh. Epístola
ao Filho do Lobo, p. 107
[16] Apud. Bahá’u’lláh. Epístola
ao Filho do Lobo, p. 107.
[17] O Báb.
Seleção dos Escritos do Báb, 19.
[18] Templo, aqui,
tem o sentid de corpo.
[19] SHOGHI EFFENDI, A
Dispensação de Bahá’u’lláh. Capítulo: Bahá’u’lláh.
[20] Primeira Lembrança,
ou Vontade Primaz de Deus é como o
Báb chama o Verbo.
[21] O Báb. Seleção
dos Escritos do Báb, 129-130.
[22] BAHÁ’U’LLÁH 1977. Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh, nº XXVII. A ênfase é minha.
[23] Krishna,
Moisés, Zoroastro, Buda, Jesus, Muhammad, o Báb e Bahá’u’lláh são os Profetas
sobre os quais possuímos mais informações e detalhes, e que criaram novas
religiões, mas houve
muitos outros ,cujos nomes se perderam no tempo. Há Profetas que são
mencionados no Alcorão, como Hud e Saleh, mas que não se encontram nas
hagiografias ocidentais. Nem todos os Profetas criaram uma nova religião. Por
exemplo, João Batista, Isaías, Jeremias, Daniel, etc. foram Profetas, mas desenvolveram
Suas missões sob a égide de Profetas ainda maiores, como Jesus e Moisés,
geralmente chamados, por isso mesmo, de Manifestações (ou Manifestantes) de
Deus.
[24] BAHÁ’U’LLÁH 1995. Kitáb-i-Aqdas, nota 160.
[25] BAHÁ’U’LLÁH 1997. Epístola aos Filho do Lobo, Introdução, nº 5, p. 22.
[26] BAHÁ’U’LLÁH 1977. Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh, nº XLI.
[27] BAHÁ’U’LLÁH 1977. Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh, nº LIV.
[28]
SHOGHI EFFENDI 1985. A Dispensação de
Bahá’u’lláh, p. 28.
[29] “O Servo da Glória”, título de ‘Abbás Effendi
(1844-1921), filho mais velho de Bahá’u’lláh e Seu nomeado sucessor. Por ser
bahá’í foi aprisionado e exilado entre os 9 e os 63 anos de idade.
[30] ‘ABDU’L-BAHÁ 2005. Palestras
de ‘Abdu’l-Bahá em Paris, 1911, p. 49, “O Espírito Santo”.
[31] ‘ABDU’L-BAHÁ 2005. Palestras de ‘Abdu’l-Bahá em Paris, 1911, p.
49
[32] ‘ABDU’L-BAHÁ 2005. Palestras de ‘Abdu’l-Bahá em Paris, 1911, p.
49
[33] ‘ABDU’L-BAHÁ 2005. Palestras de ‘Abdu’l-Bahá em Paris, 1911, p.
49.
[34] Portanto sem corpo ou aparência, apesar de tudo o que
foi pintado ou esculpido pelos artistas cristãos durante dois mil anos.
[35] João 14:9.
[36] João 14:28.
[37] A ênfase é minha. Vide paralelo em Mateus 24:36. Outras passagens que evidenciam que Jesus não era
Deus podem ser encontradas em Lucas
2:52 (se Ele fosse Deus já teria conhecimento perfeito), e Marcos 11:12-13 (se Ele fosse Deus saberia que não era estação para
figos).
[39] BAHÁ’U’LLÁH
1977b, O Kitáb-i-Íqán, p. 63-64. A
ênfase é minha.
[40] Manifestante de
Deus, outra forma de chamar o Profeta. Também são empregados termos como, Logos, Vontade Primaz
(de Deus), Sabedoria, Primeira Lembrança, Mensageiro de Deus, Manifestação de
Deus e Avatar.
[41] BAHÁ’U’LLÁH
1977. Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh,
nº XXVIII.
[42] BAHÁ’U’LLÁH 1977b. Kitáb-i-Íqán, p. 75. A ênfase é
minha.
[43] BAHÁ’U’LLÁH
1977. Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh,
nº XIX.
[44] BAHÁ’U’LLÁH
1977. Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh,
nº XXX.
[45] BAHÁ’U’LLÁH
1977. Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh,
nº XX. A ênfase é minha.
[46] SHOGHI EFFENDI
1985. A Dispensação de Bahá’u’lláh, p. 23.
[47] O Profeta, o Manifestante de Deus.
[48] ‘ABDU’L-BAHÁ
2001. Respostas a Algumas Perguntas, nº 27. As
ênfases são minhas.
[49] BAHÁ’U’LLÁH
1977. Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh,
nº XXI.
[50] Primeira Lembrança,
ou Vontade Primaz de Deus é como o
Báb chama o Verbo.
[51] O BÁB 1978, p. 129-130.
[52] BAHÁ’U’LLÁH 1977. Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh, nº XXVII.
[54] Todas as ênfases nas citações são minhas.
[55] KRISHNA. Bhaghavad Gita,
4:6-8, 14. Apud. ROHDEN [s.d.], p. 46-7.
[56] Este texto da Bíblia mostra que Moisés, para todos os
efeitos, é Deus na terra.
[57] Idem.
[58] No judaísmo o Verbo aparece na forma de Sabedoria, no feminino. No hebraico, o
“amor de Deus” também é feminino. A voz do Verbo, no judaísmo, aparece no Livro
de Provérbios.
[59] A ênfase é minha.
[60] Hadith: tradição sagrada muçulmana, apud.
BAHÁ’U’LLÁH 1977, XXVII.
[61] Hadith: tradição sagrada muçulmana, apud.
BAHÁ’U’LLÁH 1977, XXII.
[62] De Muhammad (Maomé). O plural é
majestático.
[63] Hadith: tradição sagrada muçulmana, apud.
BAHÁ’U’LLÁH 1988, P. 43. A tradução é minha.
[64] Hadith. Apud:
Al-Islam.org. Shiite Islam: Orthodoxy or Heterodoxy? Chapter 7, Note 17: Prophecy and
Imāmate: Two Inseparable Metaphysical Realities. A tradução é minha.
Disponível em: https://www.al-islam.org/shiite-islam-orthodoxy-or-heterodoxy-luis-alberto-vittor/chapter-7-prophecy-and-imamate-two.Acesso em
17/10/19.
[65] Hadith. Apud:
Al-Islam.org. Shiite Islam: Orthodoxy or Heterodoxy? Chapter 7, Note 15: Prophecy and
Imāmate: Two Inseparable Metaphysical Realities. A tradução é minha.
Disponível em: https://www.al-islam.org/shiite-islam-orthodoxy-or-heterodoxy-luis-alberto-vittor/chapter-7-prophecy-and-imamate-two.Acesso em
17/10/19.
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