terça-feira, 28 de outubro de 2014

O Reino de Deus na Terra e Um Governo Mundial


O Reino de Deus na Terra e Um Governo Mundial
Luis Henrique Beust, setembro de 2014



I. A Evolução da Unidade Social e Política

           A figura mais típica dos livros e filmes de ficção que abordam a questão do totalitarismo é o louco (geralmente um cientista louco) que quer dominar o mundo. Destacam-se, neste cenário, o ditador bufão de Charles Chaplin em O Grande Ditador, o amalucado general Jack De Ripper (o sempre fantástico — e amalucado —Peter Sellers) em Dr. Fantástico, de Stanley Kubrick, e os vários vilões dos filmes de 007.
            Fora estes tantos personagens fictícios, o mundo recebeu também figuras históricas reais que tinham o mesmo sonho de dominar todas as terras e todos os povos sobre elas. Desde Alexandre, o Grande, passando por Gengis Kan, Napoleão Bonaparte, Stalin, Hitler e Mao, temos uma coletânea de supostamente grandes figuras que sacrificaram a vida de milhões de pessoas a fim de impor seu domínio e seu poder sobre territórios cada vez mais amplos.
            Nesse pano de fundo, a ideia de um governo mundial pode, naturalmente, soar como ameaçadora e temerosa. Entretanto, a história mostra que, de todas as dinâmicas do homem em sociedade, a mais clara tendência, ao longo dos milênios, foi a ampliação sistemática da abrangência do Estado, aquele compósito de leis, instituições, regulamentos, tradições, princípios, cultura e religião que regula a vida coletiva dos homens em cada período do desenvolvimento humano.
            De uma maneira simplificada, podemos dizer que a vida coletiva do ser humano conheceu os seguintes estágios de formação grupal: família, clã, tribo, cidade-estado e estado nacional. Essa evolução ocorreu ao longo de centenas de milhares de anos, no que diz respeito à unidade familiar e do clã, com aceleração significativa a partir de cerca de cinco mil anos atrás, com as cidades-estados (na Babilônia, Egito, Grécia) e, finalmente, os estados-nacionais.
            Portanto, ao longo da história humana, é evidente um progressivo aumento do território governado pela força civilizadora da cultura, da religião e do Estado. E, com cada um desses degraus de desenvolvimento, mais segura, mais estável, mais pacífica e mais frutífera se tornava a vida dos indivíduos e das comunidades.
            Nas famílias primitivas, o primeiro grupo de unidade social formado pelos homens, um grupo de cerca de 12 seres humanos, pais e filhos, mantinha-se unido, em busca de alimentos e protegendo-se mutuamente. Estas famílias entravam em atrito mortal com outras famílias disputando o mesmo território e os mesmos recursos naturais.
            Com o passar dos milênios, famílias aprenderam a conviver pacificamente entre si em clãs, que eram várias famílias unidas não por um pai e uma mãe, mas por um patriarca ancestral. Esse grupo, de cerca de 60 a 100 pessoas, disputava território e recursos naturais com outros clãs, num antagonismo mortal.
            Passam-se dezenas de milhares de anos e surgem as primeiras tribos, grupos sociais mais complexos, reunindo vários clãs pacificados entre si, unidos pelo “Totem e tabu” explicitados por Freud, e disputando com outras tribos, num enfrentamento mortal, o território necessário para o seu sustento.
            As cidades-estados foram uma evolução extraordinária na competência da vida coletiva dos seres humanos. Numa cidade-estado incontáveis tribos estavam reunidas em um território demarcado por muralhas (a cidade) e uma ampla região de produção agrícola, pesqueira e de diversos rebanhos e criações, ao redor da cidade. A vida na cidade-estado era muito mais complexa do que tudo o que até então houvera mantido os homens unidos. Ela permitia o florescimento das ciências, do pensamento e das artes, como podemos apreciar nas cidades-estados da Grécia clássica, como Atenas, Esparta, Corinto, etc. Porém, como acontecia no passados, a unidade das cidades-estados não transcendia suas próprias muralhas, de modo que as cidades-estados viviam em guerra entre si. Mesmo na Grécia, onde todas elas falavam a mesma língua, adoravam os mesmos deuses e habitavam o mesmo torrão de terra, a guerra fratricida entre os helênicos acabou por destroçar a civilização grega.
            Finalmente, depois de muitos séculos, nascem os estados-nacionais, unidades políticas e sociais que englobam muitas e muitas cidades, que deixam de guerrear entre si e que se sentem unidas em um mesmo propósito e um mesmo destino. É este o estágio que atualmente organiza a vida humana sobre o planeta. Porém, como ocorria com as famílias, os clãs, as tribos e as cidades-estados, hoje os estados-nacionais fazem guerra entre si, em disputas tão absurdas quanto todas aquelas que marcaram o passado da evolução humana.
            Mas o estado-nacional não é a última fronteira. Mais além das nações existe o planeta. E, da mesma forma como as lealdades humanas se foram ampliando da família até os estados-nacionais, igualmente elas irão evoluir para englobar toda a humanidade. Chegará um tempo em que a guerra entre as nações será tão impensável quanto hoje em dia é a guerra entre cidades.
            Em 1882, Charles Darwin, escreveu de maneira brilhante sobre este processo:
À medida que o homem avança na civilização, e pequenas tribos se unem para formar comunidades maiores, a mais simples razão dirá a cada indivíduo que ele deve estender seus instintos e simpatias sociais a todos os membros da mesma nação, embora não os conheça pessoalmente. Uma vez alcançado este ponto, existe apenas uma barreira artificial que impede suas simpatias de abraçarem os homens de todas as raças e nações. (DARWIN 1871, p. 122) [1]
            Em 1931, Albert Einstein denunciava qual é esta “barreira artificial” que impede as simpatias dos seres humanos de “abraçarem os homens de todas as raças e nações”:
[...] o maior obstáculo para a ordem internacional é aquele espírito de nacionalismo monstruosamente exagerado que também é conhecido pelo atraente mas equivocado nome de patriotismo.
            A barreira artificial para a fraternidade mundial e a ordem internacional é, hoje, o conceito de cidadania limitado às fronteiras do estado-nacional. O nacionalismo exagerado, baseado na noção da absoluta autodeterminação dos governos nacionais, permite que a guerra seja declarada entre as nações e a morte seja imposta a outros seres humanos através do “atraente mas equivocado nome de patriotismo”. A cidadania nacional, hoje, é o maior inimigo da cidadania mundial.
            Sigmund Freud, em 1930, escreveu uma afirmativa extraordinária, em que aponta que este processo de unificação progressiva e gradual da sociedade em unidades políticas cada vez mais amplas é fruto de uma pulsão de amor que permeia a sociedade humana, e que se manifesta através da cultura.:
[ A Cultura] se constitui num processo a serviço de Eros [Amor], cujo propósito é unir os indivíduos isolados, e então as famílias, as raças, os povos e as nações num grande todo: a humanidade. Não sabemos por que isto precisa ser assim, apenas sabemos que este é o trabalho de Eros [Amor].  [...]  Nem a simples necessidade nem as vantagens do trabalho em conjunto poderiam manter unidas as massas humanas. (FREUD, 1930, p. 3052-53)
            Neste processo milenar e inexorável, cada nova etapa de unidade social alcançada não eliminava as unidades anteriores. Com o surgimento dos estados-nacionais, ainda subsistiram as cidades, as tribos, os clãs e as famílias. E também permaneceram os sistemas auto-regulatórios de cada uma dessas unidades políticas. O que aconteceu foi que, quando incorporadas na unidade maior, as unidades anteriores deixaram de guerrear entre si. Cada nova etapa de complexidade de unidade social e política trazia consigo uma paz mais ampla, uma fartura ampliada e uma maior capacidade de criar e progredir.
            Robert Wright, em seu extraordinário livro Não-Zero, faz uma exposição detalhada, baseada na Teoria Matemática dos Jogos, sobre este processo milenar de evolução da complexidade da unidade social entre os homens. E sua conclusão é inequívoca: a história foi conduzindo os seres humanos a unidades sociais e políticas cada vez mais abrangentes e complexas, cujo destino final é a unidade da humanidade. Diz ele:
A tendência ocasional, mas infatigável, de mentes sociais invisíveis de se conectarem umas com as outras, e eventualmente se fundirem numa mente mais ampla, é um tema central da história. A culminação deste processo – a construção de uma única mente planetária – é o que estamos testemunhando nos nossos dias, com todos os seus efeitos disruptivos, mas, no final das contas, integrativos.
                                                                                               (Wright 2000, p. 51)
            Reconhecendo que esta evolução não é linear nem necessariamente óbvia, Wright, ainda assim, afirma:
A curto prazo, este ímpeto para a agregação pode parecer sem sentido. As alianças mudam, as tensões vêm e vão, e grandes estruturas sociais se dissolvem quase tão frequentemente quanto se formam. Porém, a longo prazo, ao longo de milênios, a tendência mundial tem sido a consolidação, graus cada vez mais elevados de organização política.                              (Wright 2000, p. 58)
            Ao longo dos séculos XX e XXI uma série de avanços extraordinários marcaram uma evidente movimentação das forças econômicas, científicas, sociais e políticas em direção a uma grande quantidade de estruturas supra-nacionais ou transnacionais.[2] Por seu papel tanto icônico quanto educativo, poderíamos iniciar a lista com a criação, em 1920, da Liga das Nações, sobre cujas cinzas nasceu, em 1945, a Organização das Nações Unidas. Ambas as estruturas se mostraram aquém das necessidades da comunidade mundial (fala-se, claramente, da necessidade da reforma da ONU), mas apontaram, inequivocamente, para a necessidade de uma estrutura organizacional de caráter global. As inúmeras convenções e tratados da ONU, sobre os mais diversos assuntos, como os Direitos Humanos, o Direito das Crianças, o Desarmamento e o Tráfico de Pessoas demonstram, por si só, a importância de uma instituição que tenha como seu panorama não o estado nacional, mas o globo.

            A criação dos grandes Blocos Econômicos supranacionais, como o BENELUX (Bloco Econômico da Bélgica, Holanda e Luxemburgo, 1960), a ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático, 1967), o NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, 1994), a APEX (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico, 1993) e a União Européia (1992) é um indicador seguro do avanço social e político de estruturas supra-nacionais. Como muito bem apresenta Robert Wright ao longo de todo o seu Não-Zero, as expansões e unificações econômicas sempre foram precursoras das unificações sociais e políticas.

            Há cinquenta anos, se alguém dissesse que a Alemanha e a França um dia teriam a mesma moeda, o interlocutor, com razão perguntaria: “E quem derrotará quem?”. A história mostrou que não foi necessário guerra ou conquista, mas tão somente a busca de benefícios maiores do que aqueles garantidos apenas por cada nação isolada em si mesma.

II. Um Estado Federativo Mundial

            Em sua correspondência com Sigmund Freud, em 1934, Albert Einstein afirmava uma das mais fortes e permanentes ideias em seus esforços pela paz mundial, datados já desde antes da Primeira Guerra Mundial. Escreveu Einstein a Freud:
[...]  o caminho para a segurança internacional exige que todas as nações, em certa medida, abdiquem incondicionalmente de sua liberdade para agir ─ ou seja, sua soberania – e é certo que nenhum outro caminho pode conduzir a esta segurança [mundial].                 (Einstein, apud. BEUST 2006, §E3, p. 37/8)
            Explorando em mais detalhes a ideia, Einstein diz:
[...] vejo um caminho simples para lidar com o aspecto superficial – ou seja, organizacional – do problema [da guerra]: o estabelecimento, pelos Estados Nacionais, de uma autoridade legislativa e judiciária que resolvesse todos os conflitos entre eles. Todas as nações comprometer-se-iam a aquiescer às decisões emitidas por este corpo legislativo, a solicitar sua decisão em todas as disputas, a aceitar seu juízo sem reservas e a pôr em prática quaisquer medidas julgadas necessárias para implementar seu veredicto.                                                                                                                       (Einstein, apud. BEUST 2006, §E3, p. 36/7)
            Em sua longa carta de resposta a Einstein, Freud também concorda que este aspecto institucional é um pré-requisito para a paz mundial. Ele escreve:
Só existe realmente uma forma segura de se eliminar a guerra, e esta é o estabelecimento voluntário de um poder central [mundial] que tenha a palavra final em todos os conflitos de interesse [entre as nações]. Para que assim seja, duas coisas são necessárias: primeiro, que tal corte suprema seja estabelecida, e, segundo, que disponha de adequado poder executivo. A menos que o segundo requisito seja atendido, de nada vale o primeiro.
                                                                      (Freud, apud BEUST 2006, §F8, p. 44/45)
            Muitos outros pensadores de destaque compartilharam esta mesma convicção: que a paz mundial, para ser definitivamente conquistada, necessita da unidade mundial garantida pela estrutura institucional de um estado mundial de direito.
            Para tais pensadores, o governo mundial não implica a eliminação dos governos nacionais, da mesma forma como os governos nacionais não eliminaram os governos estaduais e locais. Um governo mundial é a única garantia da paz mundial, pois, como vimos, sempre foi a superação de limitações de unidade política menores que permitiu aos seres humanos construir relações de paz mais amplas, inclusivas e abrangentes.
            É neste contexto que entra a visão de Bahá’u’lláh de um mundo unido através de um executivo, um legislativo e um judiciário mundiais. Na visão bahá’í, tais instituições seriam constituídas de forma democrática e representativa, dentro do estado de direito, sem destruir as instâncias menores do Estado nas nações, nos estados (ou províncias) e nas localidades. O que aconteceria é que os estados-nacionais perderiam o direito de fazer a guerra, e o governo mundial administraria os recursos mundiais da mesma maneira que um (bom) governo nacional administra as riquezas dentro das federações nacionais.
            Em 1933, Shoghi Effendi, o Guardião da Fé Bahá’í escreveu:
A meta para qual a força unificadora da vida impele a humanidade é um sistema federal mundial que regerá a Terra, exercendo uma autoridade inquestionável sobre seus recursos inimaginavelmente vastos, harmonizando e incorporando os ideais de Leste e Oeste, liberto do flagelo da guerra e suas tristes consequências, esforçando-se por aproveitar todas as fontes de energia existentes na superfície do planeta – um sistema em que a Força se subordina à Justiça, e cuja vida é sustentada por seu reconhecimento universal de um só Deus e sua lealdade a uma Revelação comum.                                          (SHOGHI EFFENDI, 1979, p. 73)
            Shoghi Effendi enfatiza o caráter não totalitário deste governo quando diz que, no seio desta comunidade mundial a autonomia dos estados membros do governo mundial (as nações do planeta) seria firmemente estabelecida, e que a liberdade das pessoas seria, igualmente, garantida universalmente:
[...]  a autonomia dos estados que a compõem [a comunidade mundial], e a liberdade e a iniciativa pessoal dos seus membros individuais, [serão] garantidas de um modo definitivo e completo.                      (SHOGHI EFFENDI, 1979, p. 71)
            Em outra parte, ele descreve em mais detalhes esta visão da unidade mundial do futuro:
Alguma forma de superestado mundial há de ser evoluída, a cuja autoridade todas as nações do mundo cederão de boa vontade todo e qualquer direito de fazer a guerra, certos direitos de cobrar impostos e todos os direitos de ter armamentos além do necessário para a manutenção da ordem interna em seus respectivos domínios. Tal estado terá que incluir dentro de sua órbita um Executivo Internacional capaz de exercer autoridade suprema e inquestionável no caso de qualquer membro recalcitrante da comunidade mundial; um Parlamento Mundial cujos membros serão eleitos pelos povos de seus respectivos países, e cuja eleição será confirmada pelos respectivos governos; e um Supremo Tribunal cuja decisão será válida mesmo em casos em que os envolvidos não consintam voluntariamente em submeter seu caso à sua consideração. Uma comunidade mundial em que todas as barreiras econômicas tenham sido permanentemente demolidas, em que se haja reconhecido definitivamente a interdependência do Capital e do Trabalho; em que o clamor do fanatismo e da contenda religiosa tenha cessado para sempre; em que a chama da animosidade de raça esteja finalmente apagada; em que um só código de lei internacional – o produto do juízo considerado dos representantes federados do mundo – tenha como sua garantia a intervenção instantânea e coerciva das forças combinadas das unidades federais; e finalmente, uma comunidade mundial em que a fúria de um nacionalismo caprichoso e militante tenha sido mudada em uma compreensão duradoura das obrigações de cidadão do mundo – isto, de fato, parece ser, em seu esboço mais compreensivo, a Ordem antecipada por Bahá’u’lláh, uma Ordem que virá a ser tida como o fruto mais belo de uma era que pouco a pouco vai amadurecendo.                                                (SHOGHI EFFENDI, 1979, p. 45)
            Percebe-se, pois, que, por exemplo, o Parlamento Mundial previsto por Bahá’u’lláh está longe de ser um parlamento de fachada, como ocorre em muitas nações com sistemas políticos autoritários, sendo, ao contrário, composto livremente por membros que “serão eleitos pelos povos de seus respectivos países”. A lei mundial que regerá este sistema, garantindo a paz, da mesma forma, não será uma lei autoritária, mas “o produto do juízo considerado dos representantes federados do mundo”.
            Em uma das mais enfáticas passagens de Shoghi Effendi, ele discorre sobre a natureza deste Estado Mundial, apontando que, na visão bahá’í, ele deve ser isento de todos os males do totalitarismo e da uniformidade que caracterizam os governos ditatoriais:
Longe de mirar à subversão dos alicerces existentes da sociedade, ela visa a lhe alargar a base, remodelar as instituições de maneira consoante com as necessidades de um mundo sempre em transformação. Não pode estar em conflito com nenhuma obrigação legítima, ou minar nenhuma lealdade essencial. O seu fim não é abafar a chama de um patriotismo são e inteligente no coração do homem, nem abolir o sistema da autonomia nacional que é tão indispensável como freio aos males da centralização excessiva. Não deixa de tomar em consideração, nem tenta suprimir, a diversidade de origem étnica, de clima, de história, de idioma e tradição, de pensamento e hábito, que diferencia os povos e as nações do mundo. Clama por uma lealdade mais ampla, uma aspiração maior que qualquer outra que já tenha animado a raça humana. Insiste em que os impulsos e interesses nacionais sejam subordinados às necessidades imperativas de um mundo unificado. Repudia a centralização excessiva por um lado e, por outro, rejeita todas as tentativas de uniformidade.    (SHOGHI EFFENDI, 1979, p. 45)
            Vê-se o quanto Shoghi Effendi faz questão de enfatizar que tal estrutura mundial jamais minará os “alicerces existentes da sociedade”, que sua existência e abrangência mundiais jamais irão “abafar a chama de um patriotismo são e inteligente”, e que sua implementação jamais irá abolir “o sistema da autonomia nacional que é tão indispensável como freio aos males da centralização excessiva”. Ele enfatiza, também, que a unidade mundial vislumbrada por Bahá’u’lláh jamais tentará suprimir “a diversidade de origem étnica, de clima, de história, de idioma e tradição, de pensamento e hábito, que diferencia os povos e as nações do mundo”.
            O lema que guia a Fé Bahá’í é a Unidade na Diversidade. Os princípios bahá‘ís enfatizam tanto a diversidade quanto a unidade. Os ensinamentos bahá’ís repudiam toda ideia de unidade na uniformidade. Pelo contrário: os bahá’ís são grandes defensores de todas as minorias, no mundo todo. Nas eleições bahá´ís — que são, de várias formas, únicas: sem candidatos, sem propaganda política, todos com mais de 21 anos são eleitores e elegíveis — quando há um empate entre duas pessoas e uma dela é membro de uma minoria, ela é automaticamente eleita, sem necessitar desempate eleitoral.
            Da mesma maneira, a língua internacional da qual Bahá’u’lláh fala é uma língua internacional auxiliar, ou seja, uma língua a ser ensinada em todas as nações ao lado da língua materna. Jamais teria a pretensão de suplantar as línguas mundiais, como seus séculos maravilhosos de desenvolvimento, sua literatura, seus textos sagrados, sua poesia e suas características inigualáveis. O objetivo é simplesmente permitir que todo o mundo esteja acessível a todos, com uma língua auxiliar comum.
            Devido à existência, ao longo da história humana, de Estados totalitários e ditatoriais, é natural que tenhamos receio de todo tipo de exercício irrestrito do poder. Porém, precisamos lembrar que há Estados exemplares em justiça, liberdade e no império da Lei. Basta olhar para as nações mais avançadas socialmente no mundo de hoje que fica evidente que os estados nacionais, ao contrário de suas instâncias anteriores (cidades-estados), ampliaram as liberdades individuais, aumentaram a capacidade de gerar riqueza e produziram segurança coletiva. Um estado federativo mundial apenas ampliaria tais conquistas ainda mais. Governos autocráticos, em qualquer dimensão – local, regional, nacional ou mundial – não fazem parte do ideário bahá’í.

III. A Unidade Mundial e o Reino de Deus na Terra

            Finalmente, uma palavra a respeito da afirmativa, por parte de alguns, que um governo mundial seria a manifestação do “Anticristo”, ou da “Besta”, segundo o livro de Apocalipse.
            Em primeiro lugar, é importante assinalar que o Apocalipse, e suas variadas imagens extraordinárias, em nenhum momento fala de um governo mundial, ou de uma moeda mundial, que alguns setores do cristianismo associam tão diretamente com o que eles entendem ser o “reino do mal” sobre toda a terra. Estas afirmativas do Apocalipse, como veremos adiante, são todas elementos de uma série de profecias que se referem à Revelação da Maomé.
            Pelo contrário, as Escrituras, longe de indicarem o governo mundial como algo do mal, assinalam o Reino de Deus na Terra com o Governo Mundial, desde o Antigo Testamento. O Governo Mundial como fonte de bem, de justiça e de salvação é uma promessa antiga. Quem fala do governo mundial como uma manifestação do mal não compreendeu as Escrituras. As evidências disso são inúmeras, como veremos sucintamente abaixo.
            O livro do Profeta Daniel faz diversas profecias (c. 600 anos antes de Cristo) sobre a vinda de Jesus, do Báb e de Bahá’u’lláh. Fora o Apocalipse, é Daniel quem contém as mais extraordinárias profecias bíblicas sobre a vinda do Reino de Deus na Terra. Em seu livro 7, versículo 27, lemos:
O reino, e o domínio, e a grandeza dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo. O seu reino será um reino eterno, e todos os domínios o servirão, e lhe obedecerão.
            É evidente, pois, que o Reino de Deus, regido pelo povo dos santos do Altíssimo, é um reino eterno que terá domínio sobre toda a terra, ou seja, um governo mundial, pois a profecia diz, claramente, que o Reino de Deus será sobre o reino, e o domínio, e a grandeza dos reinos debaixo de todo o céu; todos os reinos debaixo do céu estarão sujeitos ao domínio do governo de Deus e Seus santos: um governo mundial, portanto.
            Um pouco antes, Daniel também tem a visão de um como filho de homem, ou seja, um ser humano, que se apresenta diante de Deus (o Ancião de Dias), e recebe d’Ele o governo sobre toda a terra, para reger em nome de Deus. Leiamos o texto em Daniel 7:13-14:
Eu estava olhando nas minhas visões noturnas, e eis que vinha com as nuvens do céu um como filho de homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e foi apresentado diante dele.
E foi-lhe dado domínio, e glória, e um reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído.
            Portanto, o governo de Deus na terra é um governo mundial, sobre todos os povos, nações e línguas. Não pode haver dúvida sobre isso. Os que afirmam que o governo mundial é sinônimo do governo do mal, não leram ou não entenderam Daniel.
            O mesmo é afirmado pelo profeta Isaías em suas admiráveis profecias sobre a vinda do governo divino na terra. Em seu livro segundo, nos versículos 2 a 4, lemos:
Acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor, será estabelecido como o mais alto dos montes e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações.
Irão muitos povos, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor.
E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos; e estes converterão as suas espadas em relhas de arado, e as suas lanças em foices; uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra.
            É claro que o Reino de Deus é um reino de abrangência mundial, sobre todos os povos e nações. Isaías diz que a ele virão todas as nações, e que, sob o governo da justiça divina, a terra toda viverá em paz, pois uma nação não levantará espada contra outra nação. O governo de Deus é um sistema justo de governo mundial, onde o bem impera, onde a paz é definitivamente estabelecida, e onde a justiça é senhora sobre todos que habitam o planeta.
            No evangelho de Mateus, da mesma forma, temos a promessa de um governo mundial de justiça e bondade proferida pelo próprio Jesus Cristo:
Quando, pois vier o Filho do homem na sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; e diante dele serão reunidas todas as nações; e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.”                                                                                                          (Mateus 25:31-34)
            Fica evidente, outra vez, pelas palavras de Jesus, que a vinda do Reino de Deus envolverá a reunião de todas as nações, para a construção do Reino através da justiça divina, que separará as nações justas das injustas, para então reinar com os bons sobre todos por todo o sempre.
            Finalmente, aqueles que automaticamente relacionam as visões de um governo mundial federativo pacífico com o reino do mal, da “besta”, do “dragão, de “Satã”, ou do “anticristo”, não compreenderam as afirmativas em contrário existentes no próprio livro do Apocalipse. No capítulo 2, versículos 26 e 27, Jesus promete o governo sobre todas as nações para aqueles que vencerem as provações do fim dos tempos:
Ao que vencer, e ao que guardar as minhas obras até o fim, eu lhe darei autoridade sobre as nações,
 e com vara de ferro as regerá, quebrando-as do modo como são quebrados os vasos do oleiro, assim como eu recebi autoridade de meu Pai.
            No capítulo 5, versículo 10, da mesma forma, Jesus revela a São João que os homens bons, os eleitos do Senhor, reinarão sobre toda a terra, o que, em outras palavras, significa um governo mundial, obviamente:
            [...] para o nosso Deus os fizeste reino, e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra.
            No capítulo 11, versículo 15, é, outra vez, afirmado que o Reino de Deus será um governo mundial:
E tocou o sétimo anjo a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: O reino do mundo passou a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.

            O reino do mundo, diz o Apocalipse, passará a ser de Deus. É evidente, pois, que o governo da justiça e da paz sobre todo o mundo é a mais poderosa característica da Reino de Deus entre os homens. Na sequência, São João diz:
E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seus tronos diante de Deus, prostraram-se sobre seus rostos e adoraram a Deus, dizendo: Graças te damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és, e que eras, porque tens tomado o teu grande poder, e começaste a reinar. (Apocalipse 11:16-17)
            Segundo a visão apocalíptica, este governo de Deus na terra não seria uma mera fantasia ou uma esperança espiritual, mas um governo real do bem contra o governo existente do mal. No livro 11, versículo 18, o Apocalipse mostra que o governo de Deus será um governo do bem, da justiça e do amor que derrotará o governo do mal; que será “o tempo de destruíres [Deus] os que destroem a terra”.
            Através da passagens antes citadas, fica evidente que aqueles que que associam o governo mundial do bem com as imagens do Anticristo, da Besta e do Dragão do Apocalipse estão totalmente equivocados. O Reino de Deus na terra será um governo mundial do bem, da justiça e do amor e da paz.
            Embora o Apocalipse, é bem certo, fale de um governo do mal por parte dos inimigos de Deus, esta profecia se refere ao passado. Sim: as coisas relacionadas ao governo do mal já se cumpriram!
            Não é nosso intuito, neste texto, explorar em profundidade o estudo do Apocalipse, mas citaremos alguns dos seus mistérios para que aqueles dotados de coração puro e de espírito de boa vontade possam, por si mesmos, investigar mais detalhadamente tais símbolos.
            O dragão com sete cabeças e dez chifres de Apocalipse 12:6 representa a dinastia dos Omíadas.[3] As sete cabeças são os sete domínios mundiais dos Omíadas, e os dez chifres são os dez nomes dos califas omíadas. A mulher representa a Causa de Deus (o Islã), o sol e a lua representam os impérios persa e otomano e as doze estrelas representam os doze imãs.
            Os 1260 dias (Daniel 12:7; Apocalipse 11:3) representam 1260 anos,[4] que é a data da revelação do profeta prometido de Jesus e de Maomé, o Báb. O ano 1260 do calendário muçulmano é a data do aparecimento do Báb. Todas as outras alternativas desta data têm o mesmo significado: 42 meses (Apocalipse 11:2) são 1260 dias, que são 1260 anos; três dias e meio (Apocalipse 11:11) são três anos e meio, que são 42 meses, que são 1260 dias, que são 1260 anos, e assim por diante.
            As duas testemunhas de Apocalipse 11 representam Maomé e Ali, seu sucessor. Elas são “mortas” (espiritualmente) pela vileza dos Omíadas (a besta que sobe do abismo), mas depois de três dias e meio (= três anos e meio = 1260 dias = 1260 anos) Eles retornam à vida (como João Batista é a “volta” de Elias) e se colocam sobre seus pés, nas figuras do Báb e de Quddús, Seu principal discípulo. Então é dito que é passado o “segundo ai” (Ap. 11:14) e que o terceiro “cedo virá”. O “ai” é o símbolo da vinda do Verbo depois de Jesus, pois representa sofrimento espiritual para os cristãos. O primeiro “ai” foi Maomé. O segundo, o Báb. E o terceiro, que “cedo virá”, é Bahá’u’lláh, que recebeu Sua Missão apenas nove anos depois do Báb.
            Como o Apocalipse afirma, Jesus voltaria à terra “com um novo nome” (Apocalipse 3:12), nome esse o de Maomé, o do profeta Báb e o de Bahá’u’lláh, as três ocasiões em que Jesus voltou e não foi reconhecido. Para maiores detalhamentos de todas estas questões, sugiro aos leitores o estudo do capítulo XI do livro Respostas a Algumas Perguntas, de Abdu’l-Bahá[5].
            Pode parecer surpreendente para muitos que as profecias sobre a vinda do Reino de Deus na terra já se tenham cumprido. Afinal, estamos acostumados a pensar no Fim dos Tempos como cheios de sinais como o escurecimento do sol, da lua e a queda das estrelas. Todas estas coisas, porém, têm significado espiritual, metafórico, não literal. Jesus mesmo afirmou: “O reino de Deus não vem com aparência exterior” (Lucas 17:20).

IV. Conclusão

            Esperamos, através dos textos e análises acima, ter exposto de forma clara que:
1)   a evolução humana ao longo dos milênios foi acompanhada do estabelecimento de unidades sociais e políticas cada vez mais complexas e abrangentes, que expandiram sistematicamente o território no qual os homens podiam viver em paz, segurança e sob o domínio das leis. A próxima fronteira é o planeta, onde a paz possa imperar sob um estado de direito mundial.
2)   o sistema de unidade mundial e governo mundial defendidos pela Fé Bahá’í dizem respeito a um estado mundial de direito, um sistema federativo de nações, onde a autonomia de todas elas e a liberdade dos indivíduos e da imprensa sejam plenamente garantidos. Longe, longe desta visão está qualquer sistema totalitário, ditatorial ou populista. O que se vislumbra é o estabelecimento, em nível mundial, de um estado com as melhores características dos melhores estados nacionais hoje existentes no planeta.
3)   o governo mundial vislumbrado pelos bahá’ís é o governo da justiça e do bem sobre toda a terra, conforme as profecias existentes na Bíblia, especialmente no livro de Daniel, de Isaías e do Apocalipse. O governo mundial do bem não pode ser confundido com o governo do mal, e as Escrituras apontam com clareza esta diferença:  “Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não é de Deus, nem o que não ama a seu irmão.” (Ap. 3:10)
            Bahá’u’lláh exorta os homens ao amor e à justiça em incontáveis passagens de Suas abundantes escrituras, mas bastem-nos aqui poucas citações para nos certificar de que Ele está do lado de Deus:
Ó Filho do Espírito! A mais amada de todas as coisas, a Meu ver, é a Justiça; no te desvies dela, se que Me desejas, nem a descures, para que Eu em ti possa confiar. Nela te apoiando, verás com teus próprios olhos e não com os alheios; saberás pela tua própria compreensão e não pela compreensão de teu semelhante. Pondera isto em teu coração: como te incumbe ser. Em verdade, a justia Minha dádiva a ti e o sinal de Minha misericórdia. Guarda-a, pois, ante os teus olhos. (As Palavras Ocultas, do árabe, nº 2)
Ó Filho do Homem! Não negues a servo Meu se a ti ele algo pedir, porque sua face é Minha face. Sê humilde, pois, diante de Mim. (As Palavras Ocultas, do árabe, nº 30)
Ó Filhos dos Homens! Não sabeis por que Nós vos criamos a todos do mesmo pó? A fim de que ninguém se enaltecesse acima dos outros. Ponderai no coração, em todos os tempos, de que modo fostes criados. Já que vos criamos a todos da mesma substância, deveis ser como uma só alma, andando com os mesmos pés, alimentando-vos com a mesma boca e habitando na mesma terra, a fim de que, do imo de vosso ser, através de vossas ações, se manifestem os sinais da unidade e a essência do desprendimento. É esse o Meu conselho a vós, ó assembleia de luz! Atentai a esse conselho, para que possais obter, da árvore de glória maravilhosa, o fruto da santidade.                                                                                                      (As Palavras Ocultas, do árabe, nº 68)
Ó Filho do Pó! Em verdade, Eu te digo: De todos os homens, o mais negligente é o que disputa futilmente e procura colocar-se acima do irmão. Dize: ó irmãos! Sejam atos, e não palavras, vosso adorno.      (As Palavras Ocultas, do persa, nº 5)
Ó Companheiro de Meu Trono! Nenhum mal deves tu ouvir, nem ver; não te rebaixes, nem suspires, nem chores. Nenhum mal deves falar, para que não o ouças falado a ti; nem aumentes as faltas alheias, a fim de que as tuas próprias não se afigurem grandes. Não desejes a humilhação de ninguém, para que não se torne evidente tua própria humilhação. Vive, pois, os dias de tua vida, os quais são menos de um momento fugaz, mantendo sem mancha a tua mente, imaculado teu coração, puros teus pensamentos e santificada tua natureza, de modo que, livre e contente, possas abandonar essa forma mortal, recolher-te ao paraíso místico e habitar, para todo o sempre, no reino eterno.         (As Palavras Ocultas, do persa, nº 44)









[1] A tradução de todas as citações e as ênfases são minhas.
[2] Agradeço ao amigo Milton Mandel pela observação de que estas observações seriam importantes.
[3] Também são os Omíadas a referência em Apocalipse 11:7: “a besta que sobe do abismo”.
[4] “é um dia que eu te dei por cada ano”: Ezequiel 4:6.
[5] Disponível em www.bahairesearch.com. Escolher, em “Languages”, o português; em “autoritative bahá’í” escolher ‘Abdu’l-Bahá, e em “’Abdu’l-Bahá” escolher Respostas a Algumas Perguntas.










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